Como construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação?
Cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo em desenvolvimento têm dificuldades no acesso à eletricidade. 2,5 bilhões de pessoas no mundo todo não têm acesso a saneamento básico e quase 800 milhões não têm acesso à água. Entre 1 e 1,5 milhão de pessoas não têm acesso a um serviço de telefone de qualidade. Em muitos países africanos, principalmente os de baixo rendimento, os limites na infraestrutura afetam em cerca de 40% a produtividade das empresas. – Ecycle
Este ODS busca reposicionar todo o sistema produtivo de bens e serviços, com destaque para sua infraestrutura, que sofreu uma revolução nas últimas décadas com o desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente na área digital. A velocidade de transformação foi tão grande que o investimento dos países em infraestrutura adaptada à essa nova era digital não conseguiu acompanhar as novas necessidades que foram surgindo.
Além disso, as constantes agressões ao meio ambiente provocadas pela forma de produção da era industrial, agora absorvem grande parte dos investimentos para regenerar o que foi destruído no século XX e nas consequências que essas agressões impuseram ao sistema climático do planeta. Secas, terremotos, furacões, frio intenso em regiões antes quentes, calor intenso nas regiões de clima frio, destruíram grande parte da infraestrutura desenhada pela indústria dos anos 20.
Hoje, além da regeneração do planeta, precisamos investir numa infraestrutura capaz de suportar as constantes e severas alterações climáticas que seguem criando desafios ao sistema produtivo global. Por isso, a primeira meta do ODS 9 é criar uma infraestrutura “resiliente”. Mas, o que isso significa?
Infraestrutura resiliente é aquela capaz de resistir, absorver ou se recuperar de impactos de maneira rápida e eficiente, inclusive a partir da preservação e restauração de suas estruturas e funções básicas essenciais. Os efeitos adversos das mudanças climáticas, por exemplo, representam uma ameaça aos sistemas urbanos, rurais e naturais ao expô-los ao risco de desastres.
A infraestrutura resiliente representa o potencial dos serviços urbano, rural, natural e de qualquer outra natureza de absorver e se recuperar do desastre sem gerar transtorno aos diversos grupos populacionais, sejam eles de seres humanos, animais ou até mesmo vegetais. Em termos de infraestrutura resiliente para grupos humanos, entende-se que a resiliência de uma comunidade depende dos seus recursos e de sua capacidade de se organizar antes e durante desastres. – Ecycle
Desse modo, repensar o atual modelo de infraestrutura do sistema produtivo mundial exigirá muita inovação e um papel de destaque da tecnologia da informação. Este ODS, após esse período de pandemia da COVID-19, ganha contornos de emergência para todos os países, pois o isolamento social teve enorme impacto em todos os setores produtivos. No retorno à convivência social e aos níveis normais de produção, os investimentos, agora voltados quase que exclusivamente à saúde e alimentação, serão escassos e, por isso, a recuperação da infraestrutura de produção deve ser redesenhada com criatividade e muita inovação.
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Abaixo, as metas do ODS 9:
9.1 Desenvolver infraestrutura de qualidade, confiável, sustentável e resiliente, incluindo infraestrutura regional e transfronteiriça, para apoiar o desenvolvimento econômico e o bem-estar humano, com foco no acesso equitativo e a preços acessíveis para todos
9.2 Promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no setor de emprego e no PIB, de acordo com as circunstâncias nacionais, e dobrar sua participação nos países menos desenvolvidos
9.3 Aumentar o acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desenvolvimento, aos serviços financeiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e mercados
9.4 Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades
9.5 Fortalecer a pesquisa científica, melhorar as capacidades tecnológicas de setores industriais em todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, inclusive, até 2030, incentivando a inovação e aumentando substancialmente o número de trabalhadores de pesquisa e desenvolvimento por milhão de pessoas e os gastos público e privado em pesquisa e desenvolvimento
9.a Facilitar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável e resiliente em países em desenvolvimento, por meio de maior apoio financeiro, tecnológico e técnico aos países africanos, aos países menos desenvolvidos, aos países em desenvolvimento sem litoral e aos pequenos Estados insulares em desenvolvimento
9.b Apoiar o desenvolvimento tecnológico, a pesquisa e a inovação nacionais nos países em desenvolvimento, inclusive garantindo um ambiente político propício para, entre outras coisas, a diversificação industrial e a agregação de valor às commodities
9.c Aumentar significativamente o acesso às tecnologias de informação e comunicação e se empenhar para oferecer acesso universal e a preços acessíveis à internet nos países menos desenvolvidos, até 2030.