Incentivando os jovens a sonhar mais e mais alto, muito acima do que nós podemos hoje imaginar.

Como dissemos em artigos anteriores, a Jornada X busca convocar os jovens das novas gerações para, brincando, iniciarem as transformações da realidade que vivemos, pois, agora com a pandemia da COVID-19, elas se fazem muito mais urgentes.

Mas, transformar em que direção se não sabemos ainda para onde ir?

Bem, pelo menos sabemos para onde não ir. 

Durante o evento Eco-92 no Rio de Janeiro, houve a proposta de elaboração de uma Carta da Terra, que seria discutida mundialmente por organizações não-governamentais e governos. Essa Carta teve seu primeiro esboço em 1977 e só foi ratificada no ano 2000. Ela tem o seguinte preâmbulo:

“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.”

Na Carta da Terra a situação global, no ano 2000, era assim descrita:

“Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.”

Vinte anos se passaram e parece que nada mudou substancialmente. Aliás, em alguns aspectos, piorou. Mas, você tomou conhecimento da existência da Carta da Terra? Viu os meios de comunicação divulgarem seu conteúdo com a mesma volúpia que esses mesmos meios divulgam as mortes da COVID-19?

Vamos colocar aqui os princípios definidos na Carta da Terra, mas o conteúdo desse documento é denso e pode ser melhor compreendido no site www.cartadaterrabrasil.com.br. São dezesseis princípios distribuídos em quatro grupos:

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA  

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. 

2. Cuidar da comunidade e da vida com compreensão, compaixão e amor. 

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações. 

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução. 

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário. 

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e a aplicação ampla do conhecimento adquirido. 

 

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental. 

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável. 

11. Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas. 

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias. 

 

IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
 13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça. 

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável. 

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração. 

16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz. 

 

Apesar dos princípios claros e da boa intenção da Carta da Terra, seus apelos ou não foram ouvidos ou não foram compreendidos pelos habitantes deste pequeno planeta. Talvez nossa geração não estivesse pronta ou preparada para viabilizar aquilo que nós mesmos sonhamos.

O momento agora é outro. Novas gerações, mais preparadas, podem fazer deles os nossos sonhos e finalmente realizá-los. O Universo X pauta suas ações de desafios aos jovens na Carta da Terra e na Agenda 2030, sobre a qual falaremos no próximo artigo.

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